O nada é falta, carência.
Do tudo senão a ausência.
Falar dele é já afirmá-lo,
Contrário de invalidá-lo.
Se o nada é não realidade
E também pouca porção,
Ainda menor quantidade,
Ao dizer coisa de nada,
Mesmo que seja ninharia,
O seu real não se negaria.
De nada é resposta cortês,
A um obrigado Cordial.
Implicará o nulo esforço,
De tudo o que se fez,
Negando aquilo que vale?
Nada ter é vã asserção.
Sinónimo de inexistência,
Está muito longe de ser.
Oculta a nossa falência,
Do tudo do nosso sofrer.
Afirmar que nada vemos,
É de ver a impossibilidade,
Ou escolha, da nossa parte,
Do que não ver, queremos?
Pedimos tanto pra nada ter,
Ardil encoberto de cobiçosos.
É do tudo sermos desejosos,
Pois o nada fica mais além,
Da possibilidade de haver.
A mim não levem a mal,
Pela questão que vos ponho.
Que é tudo sem nada, afinal?
Julieta Ferreira