CRÔNICA SINGELA (1)
Visitei o interior de Pernambuco
e Dona Idalina me mostrou
uma carta que recebera de um filho
que trabalhava em São Paulo
Numa indústria inglesa de petróleo.
No final da carta o jovem escrevia o seguinte:
“Ontem no jantar nos serviram numa tigela
de louça branca com florezinhas azuis,
uma canjiquinha de trigo adoçada com mel
e, de sobre mesa, uma banana prata no ponto.
Uma delícia!...
Sabe mahiinha, dizem que o Papa adora essa canjiquinha
e não pode comer porque tem um desconto no estômago.
Tadinho!”
Fiquei impressionado com a suavidade e a ternura
que esse jovem escrevia... e acabara de ser alfabetizado...
Sua letrinha era redondinha e em linha reta perfeita,
escrita com tinta azul diplomata, com aquelas canetas
de madeira com pena de ponta virada...
Esses nordestinos, às vezes, me assombram!