Acendo mais um cigarro. Ponho-me
a escrever: no fluxo e refluxo,
das palavras. São tal qual marés vivas,
em todo o seu ímpeto, que
vão desaguar nas praias, mais acetinadas.
Bandos de gaivotas, caminham
pelas areias brancas, realçando o que
meus olhos vêem, para além
do mais, a mim previsível. Nada é o que se
parece, tudo se transforma:
e restos de barcos, nas areias quentes,
são como esqueletos, dados
ao fulgor dos ventos e das intempéries.
Por entre linhas paralelas,
discorre meu poema, entre céu e terra,
cavalos loucos, no meu peito.
E é no reverso, de meus versos, que a
poesia se torna numa realidade,
assaz palpável, quando o vento me bate de
frente, despertando-me sentidos
adormecidos. E ao longe, nas águas, é
o teu rosto, que me assalta,
como estas nuvens soltas, desenhando
figuras, pelos meus ensejos.
Jorge Humberto
23/10/11