Desamarro as mãos o corpo e o pensamento
Fustigo para longe as vendas nos olhos
Melancólicos de contemplar as transitoriedades mundanas
Ignoro a censura nas palavras que brotam da minha boca aos molhos
Acenando sempre o estandarte da solidão assumida
Dualidade feita prazer e mágoa em máscara individualista
Sentindo a lâmina que eu mesma me espetei
E o arrependimento que tarda em chegar luz de purificação
E a opressão que permanece em mim
E teima em ficar impedindo a evolução
Arredando do meu espaço a negrura duma alma sombria
Imodesta e obcecada que não vê a dádiva candidez da vida
Porque há a entidade que brota
Do nosso coração como humanos
E os artificialismos criados pela ganância e os medos
Que aniquilam, degradam se escondem
Em estatutos efémeros e falsa abundância de alienados segredos
Uma estranha num mundo de martírio
Dilacerada pela lança que infringi a mim própria afundada
Insensível ser egoísta sou pois a precação no meu peito
Ainda sustenta a consequente reacção perversa
Navego entrementes em águas transparentes
Em correntes marítimas e ondas gigantes
Que me submergem e seduzem
Numa indomesticável sublevação interior
Renúncia anunciada ao adulterado provisório
Em insubmisso aconchego de amor