Meu Deus! Tanta chuva esse ano!
A janela do meu quarto é meu sítio.
Daqui fico a olhar, entristecido,
As folhas e os pingos caindo,
Como minha fé nos seres humanos!
Fico a brincar com o vidro embaçado
Arriscando desenhar pequenos corações.
Paro. Fico olhando, olhando e apago.
Arrisco um esboço novo, excitado,
Mas me parecem gatos os dois leões...
Choro. Cubro o meu rosto com as mãos.
Arrisco novamente um novo desenho.
Assopro. Dessa vez faço um só coração.
Soletro e escrevo seu nome lá dentro.
Fico a pensar em minha amada... Meu bem...
Olhando profundo o coração no meu vitrô.
Coitadinho! Não cabe nele o meu amor.
Mas ficou alargado. Ponho meu nome também!
Não ficou estético nem correto. (é que tremi)
Nem poderia. Como não ficou a ortografia:
Esqueci do acento que seu nome tinha no “i”
E que sempre após a chuva raia um novo dia!
Gyl Ferrys