Olho os meus semelhantes
e vejo,
em chispas fugazes
uma tristeza profunda
nos olhares que me rodeiam
Olhares tementes
ao cruzarem-se com o meu,
nem que seja por breves instantes.
Envergonhados do seu próprio medo,
não a Deus nem ao Diabo,
que esses agora
já nem precisam de intervir.
Os olhares falam
e sem querer revelam
Que todos temem o futuro
esse monstro atroz que vagueia,
implacável, repelente
pelos túneis esconsos das nossas vidas
nestes dias de ruína
em que os sonhos já começaram a morrer.
Incipit...