Dor-de-Poeta!
Dor pesada em corpo leve,
envolvida em negro veu ...
Nevoeiro denso e obscuro
onde ruas são manchadas
por Luzes baças de breu!
Dor magra, possuida,
esventrada, cultivada!
Assim minha dor,
dor-de-Karma,
dor-de-Poeta!
Dor-de-dor,
irmã de cada dor,
mãe da minha dor!
Dor d'infância,
de repulsa obstinada
em criança golpeada.
Dor-de-passado,
antes vivida,
pelo Karma marcada.
Dor-de-destino
em potência contida.
Alma castrada,
dolorosa, maltratada ...
Assim minha infância,
meninice sepultada
por gente odiosa,
por gente odiada!
Nunca tive ninguém,
nunca ninguém me teve!
Nem o termo "minha gente",
nem esse já me vem!
Ricardo Louro
Lisboa
"de madrugada"
Ricardo Maria Louro