A noite havia chegado
sem que a escutasse a entrar
a porta estava cerrada
um selo que a férrea vontade
lhe quis colocar…
Estava parada
balançava o corpo,
os ruídos eram imensos
dentro do âmago
e nos corredores
cansados de tantos passos divergentes.
O pensamento balançava
flashes gritavam ainda frescos
…os gritos!
As unhas cravavam-se
nas palmas das mãos
…tremia (não de frio)
Aquelas palavras
soltas em fúria
rugiam em uivos
(medo, muito medo)
Anunciava-se
um final sem ponto!
…agonia
os vómitos vertiam
porquês?
gelava tudo
…do lado de fora
o vento dava gargalhadas
enrolado numa folha solta!
…gritos!
(inesquecíveis gritos)
Era noite
uma noite com tantas emoções
…um vazio colossal
galgava imponente
…as palavras
…os gritos
vómitos de alucinação
um puzzle por completar
com peças disformes
sem encaixe…
Inércia química
na mímica da mão
…lágrimas
…gritos
A voz chegou num fio
o sorriso de volta
lentamente!
Ana Coelho
Os meus sonhos nunca dormem, sossegam somente por vagas horas quando as nuvens se encostam ao vento.
Os meus pensamentos são acasos que me chegam em relâmpagos, caem no papel em obediência à mente...