A partir de agora vou dizer tudo o que penso”. Tão fácil dizer. Eu queria saber como seria a reação do meio que me cerca ao escutar tudo o que eu penso, tudo o que eu tenho a dizer. Como dizem, ainda bem que eu me controlo, se não muita gente estaria morta. Ou talvez já estejam. Mortas em minha mente, mortas pelas minhas declarações e ações mentais e secretas, enterradas a sete palmos com suas palavras estúpidas dizendo que são melhores do que eu.
Alguns dizem que eu olho tudo ao meu redor com desprezo, como se eu mandasse todos se foderem, pois eu não ligo como eles estão ou o que eles fizeram na noite passada. É, realmente os olhos são o reflexo da alma. Eu tenho tanta facilidade em me fechar para tudo que me cerca, em demonstrar somente o que eu acho necessário e quando eu acho necessário com todos os meus estados de humor que são facilmente alterados; fantasias de personagens que eu assumo durante a minha rotina. É tão simples mantê-las em meu corpo com tanta gente vazia soltando palavras aos meus ouvidos.
Não pense que eu menosprezo ou que eu realmente ache que estou me colocando em um pedestal, tornando-me inalcançável a todas as coisas alheias. Não… Também não é assim. Só sinto um pouco de enjôo de tantos assuntos fúteis. Vamos lá, onde estão as informações que você coletou do caderno de política do jornal de ontem? Onde está o seu senso critico para ir a Avenida Paulista apoiar uma causa e valida-la diante de uma sociedade? Ah, desculpe, me esqueci, você deixou a sua capacidade de argumentação e persuasão espalhada pelo caminho medíocre que você ainda consegue chamar de vida. Mas eu torno a repetir, não ache que eu menosprezo as pessoas ou que eu realmente me coloque em um pedestal, mas eu estou cansada de pessoa de plástico, aparentemente perfeitas… Perfeitas para serem moldadas pela sociedade hipócrita que fujo e depois queimadas até derreterem em agonia com minhas opiniões ácidas e corrosivas.
E por último, desculpe se machuquei alguém, mas já que a carapuça serviu, vista-a e esconda a sua face rígida e sem verdadeiras emoções dos meus olhos, pois eu me cansei de tanta gente banal.
biianca