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Pânico de Festas

 
Tags:  FESTAS  
 
Pânico de Festas

Parece até um presságio, é ter festa grande sempre pego alguma coisa, um dia desses estava indo para o interior da Bahia em mais uma dessas incursões literárias, lá pela virada do ano e tive o azar de comer num restaurante onde a maionese estava estragada, se não foi o danado do condimento, não sei o que foi.
Saí de lá às pressas, com uma dor de barriga que deixa o corpo todo arrepiado, o pior que a viagem de volta já é longa, ainda mais se a pessoa tiver passando mal.
Mas tinha que fazer esse percurso, graças a Deus consegui “desembocar” em casa, salvo e não tão são.
Fui direto para a cama, a grande amiga das horas difíceis, fazendo o itinerário cama-banheiro diversas vezes, vendo assim a virada do ano passar pela cabeça, o pior que de manhã cedo estava indo para a farmácia, mole, contorcido de dor, ainda teve um engraçadinho que vociferou de dentro do carro: - Esse tomou todas!
Esse tinha sido o “Pânico de Festas” que mais me marcara até chegar a de São João desse ano, eu já estava com aquela tosse-seca, incomodando, mas como tinha prometido para a “galera” resolvi de novo engendrar-me nessa desventura.
De cara pegamos uma BR 324 engarrafada, passamos quatro horas preso no gargalo de Salvador, sem poder ir tampouco voltar, como já estava no meio da pasmaceira...
Chegamos tarde a Feira de Santana, mas até aí estávamos ministrando tudo quanto era medicamento, para tosse seca, molhada, dor de cabeça, antigripal e tudo que um viajante previdente pudesse prever...
Passei a noite tossindo, sem dormir, o corpo ficou enfraquecendo, mesmo assim continuamos a viagem de manhã cedo, sem dormir pensei que ao chegar lá em Araci ia tirar o atraso, ficamos o dia inteirinho com os parentes, mas à noite a tradicional foqueira me “afogou”, tudo piorou, dormimos ao som de um pagode louco – São João tem que ser forró Pé de Serra – que ajudou a destruir os meus nervos, a bateria de remédios “colidiu” ouvi até o estalo, “kabum!” o estômago começou a incomodar inchar, doer, a corrida para o WC começou, com sono, sem dormir e com muita dor; amanheceu na raça, consegui mais um remédio salvador, que deu para voltar dirigindo para casa, depois de um cochilo.
Quando chegamos, esqueci daquele “Pânico Noturno” – Esse nome eu conheço! – voltei a comer normalmente, mas como o estômago não estava normal, tudo voltou pior.
Na madrugada sai correndo feito louco porta à fora, direto para o pronto atendimento, receitou mais remédios, não sabia o que fazer com tanta medicação!
Já estava tão fraco que estava enxergando dobrado, não comia nada, bebia água e depois botava para fora; preocupado já estava tendo até alucinação, vendo coisas e ouvindo vozes, pensei que era mesmo o fim, até os espíritos estavam me chamando...
No outro dia resolvemos tomar direto água de coco, passava a tarde todinha para comer a metade de uma maçã, aos poucos fui melhorando, após tanta agrura...
Depois de muito sofrimento, superamos a crise, quando dizem que é perigosa a automedicação não levamos a sério, mas se no sertão não tem médico?



Marcelo de Oliveira Souza




Marcelo de Oliveira Souza,IwA
Dr. Honoris Causa em Literatura
site: www.poesiassemfronteiras.no.comunidades.net - Concurso Literário
blog: http://marceloescritor2.blogspot.com
Instagram: @marceloescritor2


Pânico de Festas

Parece até um presságio, é ter festa grande sempre pego alguma coisa, um dia desses estava indo para o interior da Bahia em mais uma dessas incursões literárias, lá pela virada do ano e tive o azar de comer num restaurante onde a maionese estava estragada, se não foi o danado do condimento, não sei o que foi.
Saí de lá às pressas, com uma dor de barriga que deixa o corpo todo arrepiado, o pior que a viagem de volta já é longa, ainda mais se a pessoa tiver passando mal.
Mas tinha que fazer esse percurso, graças a Deus consegui “desembocar” em casa, salvo e não tão são.
Fui direto para a cama, a grande amiga das horas difíceis, fazendo o itinerário cama-banheiro diversas vezes, vendo assim a virada do ano passar pela cabeça, o pior que de manhã cedo estava indo para a farmácia, mole, contorcido de dor, ainda teve um engraçadinho que vociferou de dentro do carro: - Esse tomou todas!
Esse tinha sido o “Pânico de Festas” que mais me marcara até chegar a de São João desse ano, eu já estava com aquela tosse-seca, incomodando, mas como tinha prometido para a “galera” resolvi de novo engendrar-me nessa desventura.
De cara pegamos uma BR 324 engarrafada, passamos quatro horas preso no gargalo de Salvador, sem poder ir tampouco voltar, como já estava no meio da pasmaceira...
Chegamos tarde a Feira de Santana, mas até aí estávamos ministrando tudo quanto era medicamento, para tosse seca, molhada, dor de cabeça, antigripal e tudo que um viajante previdente pudesse prever...
Passei a noite tossindo, sem dormir, o corpo ficou enfraquecendo, mesmo assim continuamos a viagem de manhã cedo, sem dormir pensei que ao chegar lá em Araci ia tirar o atraso, ficamos o dia inteirinho com os parentes, mas à noite a tradicional foqueira me “afogou”, tudo piorou, dormimos ao som de um pagode louco – São João tem que ser forró Pé de Serra – que ajudou a destruir os meus nervos, a bateria de remédios “colidiu” ouvi até o estalo, “kabum!” o estômago começou a incomodar inchar, doer, a corrida para o WC começou, com sono, sem dormir e com muita dor; amanheceu na raça, consegui mais um remédio salvador, que deu para voltar dirigindo para casa, depois de um cochilo.
Quando chegamos, esqueci daquele “Pânico Noturno” – Esse nome eu conheço! – voltei a comer normalmente, mas como o estômago não estava normal, tudo voltou pior.
Na madrugada sai correndo feito louco porta à fora, direto para o pronto atendimento, receitou mais remédios, não sabia o que fazer com tanta medicação!
Já estava tão fraco que estava enxergando dobrado, não comia nada, bebia água e depois botava para fora; preocupado já estava tendo até alucinação, vendo coisas e ouvindo vozes, pensei que era mesmo o fim, até os espíritos estavam me chamando...
No outro dia resolvemos tomar direto água de coco, passava a tarde todinha para comer a metade de uma maçã, aos poucos fui melhorando, após tanta agrura...
Depois de muito sofrimento, superamos a crise, quando dizem que é perigosa a automedicação não levamos a sério, mas se no sertão não tem médico?



Marcelo de Oliveira Souza


 
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marcelooso
 
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