Olhando para trás e pensando na vida que já se foi, nos dias que eu vivi no que fiz de errado na vida e nas minhas escolhas, eu fico meio perdida entre a minha razão e a minha emoção.
Existiram coisas que nem adianta sequer recordar, apenas as arrumei numa linda caixinha de cartão enterrada na ilusão. Resumi que as coisas erradas foram um balsamo para a minha evolução, sem sombras de qualquer duvida, com elas aprendi, a saber, quais eram as certas, as erradas e dar o devido valor a todas elas.
Claro que com tudo isso, eu trabalhei os meus sentimentos que provêem do coração, a raiva, o ódio, desespero, inclusive a falta de fé que estava devorando a minha alma a cada dia que passava. Com isso uma pessoa fraca e sem perspectiva de vida.
Reflexões, essas foram por demais, fiz o papel da pobre coitada, aprendi que, apenas colhi o que semeei nada mais, depois aprendi a sair de minha ignorância, que foi escutar o Deus que sempre habitou em mim e eu apenas, O negava.
Com todo esse caminhar apenas consegui abrandar a suavidade do meu coração, ver as coisas de outro prisma, observar a vida com outra intensidade e com ela aprender a ser grato, mas tão grata mesmo, até pelo fato de estar viva grata por ser filha de Deus, grata por ter filhos, marido, amigos e até os que não gostam de mim, certamente eles terão o seu real motivo. Sou grata a eles sim porque talvez eu tenha os magoado ou ofendido, não sei, apenas eu sei, que eles são personagens da minha evolução e dispuseram a vivenciar comigo varias experiências, mesmo que desagradáveis e penosas.
Com isso, eu chorei rios de sangue, amanheci na solidão, caminhei entre túneis escuros e raios de alguma luz, à medida que superava os obstáculos as luzes se acendiam para iluminar o meu caminho e com elas, o meu coração amolecia no divino amor.
Quando conheci o Deus, o que habitava em mim, foi como se tudo que eu passasse não tivesse mais significado, pertenceu ao passado, enterrado bem fundo. Com isso meu coração passou a sentir novos sentimentos, com eles novos horizontes de vida e reeducando-me, reciclando-me, refletindo para as novas opções, as novas metas, desprendi de tudo que era material, tudo mesmo, ninguém sabe o quanto isso me custou, deixar de dar valor a tudo isso, acreditem que não foi nada fácil, mas eu venci essa etapa, graças a Deus e a minha força de vontade de vencer. Ela foi tão grande que muitos que estavam esperando me espezinhar, tiveram que aplaudir de pé a minha superação.
Estranho, o que ontem para mim reluzia, era importante, era luz para mim, hoje é escuridão, uma bruta escuridão da alma, minha alma brotou novas sementes, as sementes do amor, abrandou na sua forma intensa de viver, sendo mais sensata calma e justa até para mim mesma.
Hoje, a vida é uma verdadeira recompensa, envelheço com dignidade, rejuvenesço com a sabedoria, aquela que e faz ver, escutar e ficar no mais profundo silêncio, nunca eu fui tão jovem e feliz, agora me sinto uma menina, livre, deixando-se levar ao sabor do vento e das suas vontades.
O real valor da vida é visto com tão pequeninas coisas, que por muitos passam despercebidas ao olhar, aquelas que muitos acham uma chatice, um folclore fora de moda, mas que para mim são básicas e sagradas a minha família e o tempo que dedico a eles que jamais voltarei a dedicar, pois o tempo não volta para trás e segue com muita velocidade.
Tudo o que eu fiz valeu a pena, arrependo-me do que hesitei e não fiz, mas quem sabe se um dia ainda não as farei, caminhando feliz, deixando o coração me guiar nesta nova temporada de vida, onde eu sinto uma menina correndo pelo campo, sentindo as flores dançarem ao sabor do vento, os riachos refrescarem meus pés cansados e a voz de Deus renascendo a cada minuto, sedenta de amor, sedenta de harmonia, tranqüilidade, sensatez, fraternidade, alegria, perdão e muita paz.
Paz profunda...
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