Lembro-me de viver no campo,onde brincava,
convencida que ajudava
na faina, os trabalhadores.
Mandavam-me colher papoilas, e eu fazia
grandes ramos de flores,
que oferecia,
à mãe, à madrinha, a toda a gente
qie de mim, perto vivia...
Tirava os sapatos de trapo,
e dançava,
deixava a sopa no prato,
pois o tempo escasseava
tal a vontade de brincar
no ribeiro que ali passava,
correndo ao lado da casa,
a cantar...
E eu sonhava,
conversava com os caracois
que tanto tempo levavam a passar
a ponte que eu construia
com uma folha tão tenrinha,
que as lesmas e as lagartas
comiam até estarem fartas,
acabando com a folhinha...
E lá ia a ponte água abaixo...
Brincavam rãs no riacho
e o sol vinha refrescar-se
na água tão cristalina
como o olhar da menina...
Mais tarde, a fome apertava,
subia à arvore e apanhava
fruta dourada, e comia.
Até tinha uma caminha
no meio da seara de trigo
onde uma sesta dormia
com as espigas como abrigo...
Era pobre, mas feliz,
fazia parte do campo
e até da ventania
que uivava no arvoredo,
e eu então, cheia de medo,
nos arbustos, me escondia...
Hoje, ao viver na cidade
lembro com muita saudade
o tempo que então vivia,
e penso ao recordar,
Quem me dera lá voltar
nem que fosse por um dia!
Célia Santos