Certa vez, um amigo que morava na cidade do Rio de Janeiro por telefone, me contava alguns problemas que estavam-lhe acontecendo e por conta deles, procurava na vida espiritual soluções, respostas para tanta angústia e tristeza.
Foi assim, que ao saber de um centro espírita muito conhecido na minha cidade (Niterói), pensou em me telefonar pedindo que o acompanhasse naquela missão. Embora não fosse frequentador de centros espíritas este, justamente por sua fama, sabia onde ficava e, portanto, me prontifiquei em acompanhá-lo.
Era visível a ansiedade do amigo pedindo que eu me apressasse, pois, queria chegar antes do início dos trabalhos lá, no centro espírita. Ao chegarmos fomos recepcionados por uma Senhora que nos perguntou se aquela seria nossa primeira vez naquele lugar.
Dissemos que sim e ela, foi informando que a cada sábado os trabalhos eram realizados em de acordo com uma "Corrente Espiritual" e que naquele sábado era o dia do “Povo da Floresta.” Caboclos, Índios, Pajés e que no final haveria para quem precisasse ou quisesse, consultas com os “Pretos Velhos.” Avisou também que depois que passássemos de uma determinada porta, não era mais permitido uso de celulares ou qualquer outro tipo de conversa, com o braço, apontou duas cadeiras vagas e pediu que fizéssemos à gentileza de nos sentar.
Logo a Presidenta do Centro apareceu dando a todos boas vindas, vinha vestida como uma guerreira indígena e minutos depois sua voz e gestos se modificaram falando um tanto enrolado, mas, que conseguíamos entender. Em volta dela, numa espécie de altar haviam outros médiuns, uns vestidos de índios outros vestidos de branco, "Pretos velhos."
Uma cadeira posta no centro da roda, com a Presidenta do Centro, agora um "Pajé", se apresentava de pé. Após algumas orações, ela saiu até o público, segurou na mão de uma pessoa que a seu ver, estava mais necessitada de proteção. Levou a pessoa até o altar, pediu que se sentasse e ali, começava uma sessão de desobsessão. A segunda pessoa convidada pelo "Pajé", fora o meu amigo que recebeu lá no altar a proteção de todos os médiuns que por ali estavam.
Em certa hora o "Pajé, já novamente como Presidenta do Centro, veio até bem próximo das cadeiras onde as pessoas sentavam para comunicar que a partir daquele instante, os "Pretos velhos" iriam se posicionar de modo a conversar com quem assim desejasse.
E foi assim, que começou minha conversa. Depois de algum tempo, uma moça sentada ao lado de uma Senhora bem encurvada, levantou-se e veio em minha direção. Falou que "Vovó Joaquina" queria conversar comigo. Levantei-me e fui até aquela Senhora que sorria muito e de vez enquanto jogava para o alto, algumas folhas que exalavam um gostoso perfume. Ao me sentar ela chegou mais próximo de mim, e perguntou:
_ Por que Vosmicê está sentado naquela cadeira, porque veio? Precisa de que, meu fio?
_ Disse que não precisava de nada, que estava tudo bem comigo e que estava apenas a acompanhar um amigo.
"Vovó Joaquina" se aproximou mais ainda olhando-me nos olhos, sorriu e disse para mim, o que há anos, já havia ouvido de um outro médium:
_ Vosmicê tem muita proteção e riu, proteção de primeira grandeza, abrindo os braços e jogando sobre mim, algumas daquelas folhas perfumadas e continuou...
_ Por que Vosmicê não veste branquinho?
_ Há muitos anos eu só andava de branco, mas que atualmente até mesmo para melhorar a relação médico paciente, trabalhava de roupa comum com apenas, um avental. "Vovó Joaquina" meio que curiosa indagou.
_ Vosmicê é médico?
_ Sim, mas, não cuido das pessoas e sim, dos animais
_ Vosmicê corta?
_ Sim. Corto, mas, hoje em dia os aventais cirúrgicos geralmente são das
cores azuis ou verdes, existem até alguns temáticos com estampas de
animais para no caso de cirurgiões veterinários.
"Vovó Joaquina" abaixou mais ainda a cabeça e deu uma gostosa gargalhada!
_ Me perdoe, a velha ta mesmo muito atrasada.
E por uns segundos rimos juntos. Voltou a olhar em meus olhos para dizer:
_ Mas, não é desse “Branquinho” que estou falando. Vosmicê precisa
fazer caridade! Vestir “Branquinho” para ajudar aqui no centro.
_ Mas, eu já faço caridade, ajudando os animais cujos proprietários
não têm como custear os meus serviços.
_ Vosmicê cura eles sem cobrar?
_ Sim, quando não há como ser diferente, trato deles de graça
_ Graças a Deus, nunca deixe de cuidar dos animais que precisam de vosmicê. Mas, mesmo assim, precisa ajudar também a nossa casa.
_ Eu trabalho todos os dias de segunda a sábados das 08:00h as 20:00h e as vezes, em horários noturnos atendendo alguma emergência e por isso, não me sobra tempo para vir frequentar o centro. Hoje excepcionalmente vim a pedido de um amigo.
_ Escuta o que a "Vó" diz. Nunca deixe de trabalhar a caridade! Pegou uma das folhas perfumadas, colocou em minhas mãos e continuou... Ela vai ajudar vosmicê a cortar cada vez mior.
Quando então a Presidenta do centro se aproximou pedindo que eu cedesse o lugar para outras pessoas que aguardavam para se consultarem com a "Vovó Joaquina'.