Os meus olhos choraram,
Deixei verter as lágrimas...
Doi-me pelas esposas e viúvas daqueles homens,
Coloquei-me no lugar delas.
Mulheres resignadas, viúvas fadadas!
Refleti.
Elas, de mãos dadas com a tristeza dos maridos,
Sofriam e os filhos também. Trabalhadores da mina.
Filhos, que tomariam o lugar dos pais em breve.
E a sua sina...
Viver até no máximo os 45 anos, essa era a idade de quem quase ninguém passava, trabalhando nas minas da Bolívia.
A saúde se esvaia, bastavam apenas 5 anos ali,
Dizia o médico para mais um paciente que ao seu consultório chegava.
A silicose tomara conta de seu pulmão,
Ele empedrava...
Enfermeiras de seus maridos, as esposas se tornavam.
Cuidando deles até o último suspiro.
Morte anunciada, desde que eles, na mina colocaram os pés!
Mascavam folhas de coca para não sentir a força da altitude,
Tomavam álcool de limpeza!
Passavam quase o dia inteiro ali, sem comer, apenas usando disso,
Agravando mais ainda a saúde, e visivelmente alterados pela ação desses elementos,
Muitos não resistiam e morriam, antes de completar seu tempo...
Os gases tóxicos vinham, não se sabe de onde, e de repente, sem esperar...
Outros tantos, por ali ficavam...
Sentados e mortos,
À espera da retirada de seus corpos...
Os sorrisos eram poucos na mina
Apenas movidos
à esperança de tirar dali, alguma prata,
Para garantir naquela semana, o sustento.
Por comida na mesa para ele, a esposa e seus rebentos...
Às viúvas ficava o grande fardo:
Criar os filhos ainda pequenos,
Órfãos de pais ainda jovens.
Quebrando pedras do lado de fora da mina
Entortando os dedos,
E esperando ainda ter,
Outro amor, para viver...
Fátima Abreu
Assisti pela TV um documentário, sobre os mineradores da Bolívia. Baseado em tudo que vi e me emocionou, fiz a minha dissertação sobre o que mais me chamou atenção...