Viola de todo silêncio,
que canto aprisionas
nas cordas do mastro?
Que mares libertas?
Que sal de cantigas
semeias, subterrânea?
Corda de viola:
cano possível,
silenciado.
Vela, veleiro, viola,
mastro, velame,
braço aberto
em metal vermelho,
intenso metal
desesperado.
Viola-veleiro,
nave noturna,
ave sem verso,
o vento de mãos humanas
arranque das cordas
um canto de facas feridas.
Pedro Tierra, escrito no Presídio Político de SP, dezembro de 1975.