Vidas vividas na velha aldeia
Um pouco dela feia,
Despida por dentro. E no entanto,
Tantos contos a espreitar às janelas
Viradas para as ruas quase desertas
Em que quase ninguém passa.
Todos se lembram dela!
As crianças todas o souberam ser
De ternas infâncias.
Livres passarinhos!
Em brincadeiras velozes,
Até anoitecer… devagarinho.
As fontes acolhiam os rostos
Cansados, dos novos e velhos… alguns estoirados!
De tanto trabalho sacrificado
Desde a manhã em escassas águas
Que nos lavavam
De Verão em frescas nascentes.
Agora tudo é diferente!
Já não há crianças a brincar
Junto às antigas fontes. E os avós
Não precisam assustar
Os mais pequenos ficando sós,
Com o conto da “Maria da Manta”.
Personificação de gente,
De algo que vivia dentro das profundas águas
Levando ao fundo, as crianças mais curiosas
Em seu manto envolvente.
Incutida a ideia mantinha a distância
Evitando a queda e o afogamento.
Agora, já ninguém lá cai.
Agora já ninguém vai beber a água da fonte,
Nem esperar que nasça limpa e fresca…
E escorra de mansinho para a ribeira
Onde as mães lavavam os cueiros
E as roupas apenas em dias soalheiros.
Carla Bordalo
http://crianca-ser.blogspot.com/2010/06/maria-da-manta.html
Sentindo o vivo, vivendo o sinto, e, em sentimento o digo para assim o escrever em qualquer parte de mim.