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O mordomo e a sua visita misteriosa.

 
O mordomo e a sua visita misteriosa.

Eram nove da noite, as horas batiam com bastante lentidão, aquele relógio que herdaram do avô era tão antigo, vinha de varias gerações, era muito cuidado pelos donos às vezes foi motivo de grandes brigas de família. Sempre ficava para o homem mais velho da casa, por isso motivo de muita inveja pelo grande valor que ele era cotado.
A região era bastante massacrada com tempestades fora de época e sem lógica alguma, segundo falavam alguns moradores até pedras caiam do céu e não sabiam de onde elas vinham.
O senhor Artur, já tinha fechado a mansão, deu descanso as criadas e claro que também se recolheu pelo cansaço do dia. Seu quarto era bastante agradável, confortável digno de um lorde, tinha a sala para poder ter os seus momentos de lazer e a pequena biblioteca para saciar as suas aprendizagens.
Tomou seu banho, vestiu o seu pijama e claro que sentou-e no seu sofá mais confortável e serviu-se de seu vinho de porto como o fazia diariamente, dispôs do seu livro e começou a sua viagem ao mundo da invisibilidade e dos mestres.
Sua leitura foi interrompida pelas badaladas fortes, era estranho e diferente as batidas daquele relógio, sacudiu sua cabeça e mergulhou de novo no seu livro, de repente algo cai do seu lado, olha e nada ele vê. Levanta-se e repara que tinha caído um livro, mas logo justificou que deve ter sido mal posado e por isso ele caiu.
Pegou no seu delicado cálice e bebeu um gole do afamado vinho, o calor subiu lentamente a sua garganta e confortou-o por momentos com aquela leveza e suavidade da textura do seu vinho. O aroma o fez viajar por momentos pelo delicioso Douro, quase que via aquelas vinhas, toda a beleza do rio e seus barcos a vela velejando pelo rio fora com as suas deliciosas mercadorias.
O toque continuo o fez parar na sua viagem, aquele toque era insuportável, parecia que alguém estava alguém estava fazendo batuque no móvel da sua sala, já nervoso levanta-se e vai até ao móvel e nada vê, aprofunda seus ouvidos e volta ouvir mais claro aquele som. Três toques e logo parava, estranho ele estava ouvindo, era nítido demais e pergunta em voz clara e sem medo:
- Está ai alguém?
O toque voltou nítido e mais forte, três vezes. Entusiasmado ele diz, se está aqui alguém bata uma vez para sim. Logo ele escuta a batida forte, não teve medo, perguntou que estava fazendo ali, se podia ajudar, mas não obteve resposta..
Volta para o seu sofá, transpirando, meio confuso, pensando que raio tinha sido aquilo ali, logo salta do sofá quando para seu espanto vê um senhor velinho sentado na sua secretaria e sorrindo, fumava um charuto, com suas barbas brancas e bem tratadas, suas mãos eram delicadas demais.
Artur queria falar, mas não saia qualquer som de sua boca, suas pernas estavam bambas, diria que amolecido e confuso, ele ainda olha para sua garrafa, mas ela não tinha sido bebida. O pomposo fantasma parecia ler as idéias e sorrindo, pergunta:
- O senhor quer mais um cálice?
Prontamente ele responde que não abanando a sua cabeça.
O fantasma era direto e lhe pergunta algo:
- Quer saber o que faço aqui? Claro que alguém de uma inteligência tão notória diria que era uma insanidade estar de frente a um morto ou fantasma.
Artur já mais calmo e refeito do susto diz já em sua voz segura e baixa:
- Sim, quero saber sim, pois não acredito em fantasmas e em nada parecido com isso ai.
Uma gargalhada soa na sala e divertido o fantasma responde:
- Claro que sim, se eu não sou um fantasma você não é um vivo certamente.
Como a resposta foi segura, Artur levanta-se e vai de encontro ao senhor e suas mãos passam seu corpo, fica apenas abismado. Volta para seu lugar e fala com toda segurança:
- Pronto já me convenceu diga ao que vem aqui e seja direto.
Rindo o fantasma diz que não esperava outra coisa. Logo ele começa a explicar o motivo de sua vinda.
- Olhe já o observo há muito por aqui, os meus colegas esses queriam o assustar e correr com as malditas crianças daqui, que faz muito barulho e muita confusão, bem melhor era quando não vivia aqui ninguém estávamos mais felizes e o pior que as malditas crianças nos vêem.
Artur começa a sentir uma leve sensação de bem estar, calmo ele olha direto para seu fantasma e o deixa falar mais um pouco.
- Como eu disse era bem melhor levar as crianças daqui, eles vão lhes fazer mal sim, pois elas os vêem e isso os torna bem nervosos, quanto a mim, elas poderiam aqui ficar sem problema eu passo o dia aquela biblioteca a estudar.
Artur escuta já com alguma preocupação, aqueles meninos eram tudo naquela casa alias o senhor embaixador lhe confia àqueles filhos como se eles fossem os seus filhos.
O fantasma explica como eles estão ali e porque motivo eles não vão embora, alguns deles já foram os donos da mansão, repletos de ódio e muita maldade pela vida de pecados e dos que tanto eles prejudicaram até os levar a sua morte.
As badaladas voltam a bater às duas horas da manhã, preocupado o fantasma diz que tem que ir embora, mas avisa fique de olhos bem atentos naquelas crianças, pois amanha algo de muito ruim vai acontecer com elas.
O fantasma se esfumou pela porta, Artur fica apreensivo e sem dormir que iria ele fazer com para que nada aconteça de ruim com os filhos do embaixador. Não se deitou, bem cedo ele sai para a cozinha e toma o seu café da manha, as criadas estavam alarmadas com ele, ainda lhe perguntaram:
- Oh, senhor Artur, que aconteceu? Não dormiu direito?
Responde que apenas dormiu mal e nada mais. Pergunta pela ama dos meninos, dizem que ela já subiu para os quartos para prepará-los para o colégio e ele pensou menos mal, terei mais umas horas para pensar o que fazer.
Sai para a sala de jantar e já toda bem reparada, com o delicioso pequeno almoço, vê se está tudo nos conformes como gosta o seu patrão. Todos descem para a sala e inicia o pequeno almoço menos o Sebastião que ficou na cama doente e com muita febre.
Artur sobe para o seu quarto e vê o menino ardendo em febre e chama o medico. Já saindo do quarto o Sebastião o chama e diz bem baixinho:
- Artur não vá embora, eles estão aqui vão me levar com eles. Não os vês? Olha ali no canto do quarto?
Artur olha e nada vê nada mesmo, preocupado com o que lhe foi revelado na noite anterior, fica muito apreensivo com toda a situação. Estava já batendo a porta do quarto o menino grita:
- Socorro. Eles estão aqui e estão a esganar.
Entra de novo, o encontra já sem vida, roxo, tenta o salvar, mas sem o conseguir. Corre para sala e chama o embaixador e sua esposa. O Luis corre para ver o irmão subindo os degraus correndo e já no ultimo ele cai. Rolando pelas escadas sem parar.
No final das escadas ali estava ele sem vida sangrando da sua cabeça, os gritos eram sonantes, o desespero também, ninguém estava a compreender tanta desgraça. O pior estava para vir para aqueles pais quando entrassem na porta do quarto do Sebastião.
As crianças morreram como falou o fantasma, a casa enlutou, o silencio foi mortal, a alegria sumiu e as noites foram mais longas.
Apenas o Senhor Artur e o Fantasma eram a companhia das noites, mais uns bons cálices bebidos e umas boas conversas até um dia alguém o internar por falta de juízo e bom censo.



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Betimartins
 
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