A Moura encantada
Era uma vez, uma cidade antiga, cheia de ruas grandes e desertas, habitantes, quase escassos, a maioria dos jovens imigrou para cidades maiores e estrangeiras e aquela cidade quase parecia fantasma, ali perdida no meio do nada.
Quase não tinha crianças por ali, as poucas já se reuniam para brincar livremente pelas ruas fantasmas da cidade perdida. Era gostoso os mais velhos os observarem e se deixarem perder-se pelas memórias de sua criancice.
Existia o velho castelo, os paços da velha e as muralhas que ainda faziam a divisão da Cidade, dizem os mais antigos que outrora existiu uma moura encantada que levava os homens da cidade à desgraça quando ela era vista por eles. Outros diziam que existiam grandes tesouros escondidos debaixo da terra, pela antiga Ordem Dos Cavaleiros dos Templários, dizem que os monges do velho mosteiro sabem dessa verdade escondida há séculos e séculos.
João era o mais novo do grupo, filho de pescadores, que sempre ficava em casa do avô, pois estava muito tempo fora na pescaria, para delicias do João que adorava ficar na casa do seu avô.
Era engraçado ver seus olhos arregalados e brilhantes, a escutar as historias do seu avô que sempre o deixavam a imaginar tempos de muitas aventuras e brincadeiras. Sempre as contava aos seus amigos e claro que com uma pitada de malandragem e algumas mentiras.
Um dia o senhor Afonso lembrou-se de uma história muito antiga que já a sua avó contava e que já tinha sido a avó da sua avó e por ai fora, esta história segundo ele dizia que era verdadeira que ainda hoje se pode ver e escutar o fantasma do mosteiro, dizem que ele arrastava as correntes e tinha os olhos vermelhos de sangue, vestia um manto com capucho tipo de monge.
Conta a lenda que um dia um monge quis salvar uma princesa moura, que era linda, tão linda que quando estava na torre seus cabelos brilhavam como a lua e deles se desprendiam pequenas estrelas que voavam até ao céu. Seu pai era um mouro odioso, muito mau, decepava cabeças, maltratava esposas e até as mandava matar quando elas o desagradam. Esta princesa recusou casar com o seu chefe das armas um facínora e um homem feio e odiento demais.
João estava imaginando tudo o que o avô falava quase que se transportou para aquele tempo e até os via com suas vestimentas coloridas e engraçadas. O avô voltou a contar a história sorrindo deliciado pelos olhos brilhantes do neto.
Zangado o rei para não cortar a cabeça a filha a mandou embarcar num navio e ir para terras deles distantes e ser aprisionada numa torre. Assim o fizeram os homens do rei. Chegada a terras Lusitanas e bem situadas no sul do condado de Portugal, a linda princesa foi aprisionada naquela torre escura e quase abandonada a fome e ao frio. Dizem que ainda se escutam os seus choros e que as suas lágrimas se transformam em estrelas e sobem a noite direta ao céu. Este monge cortou seu coração de tanta pena que sentia ao a escutar, desobedecendo às ordens dos superiores ele tentou salvar a linda princesa mesmo que lhe fosse ordenado a cortar a sua cabeça.
Ele todos os dias rezava pela princesa, pedia a Deus que tivesse clemência dela, mesmo ela não sendo católica. Escondido ele subia a torre e lia os salmos da sua bíblia e confortava o coração da pobre princesa, ela queria se converter pediu autorização ao seu pai e levou uma recusa e pior de tudo. O rei veio pessoalmente dizer que não á princesa e pessoalmente decepar a cabeça do pobre monge.
Chegou o navio de terras distantes e com ele toda a comitiva do rei, toda a cidade termia com a vinda do facínora e com ele todos os assassinos do rei, o caos chegou à cidade e todos se metiam em casa tremendo de medo.
O rei foi buscar pessoalmente o monge e o levou arrastado por correntes cravadas no corpo com crivos, grandes bolas de ferro a pesarem nas suas pernas e era fustigado violentamente com chicotes. O seu corpo sangrava demais, era arrasador ver toda a cena ali, a princesa foi libertada da torre e o rei mandou vestir o seu melhor vestido, ela estava magra demais, seus olhos estavam tristes e para horrores de todos, ali. Ele coloca ao lado do monge e corta a cabeça dos dois, corria um rio de sangue pela rua até ao mar, dizem que o Sol fugiu e a noite desceu e com ela todas as estrelas desceram para cobrir a princesa e a levar para o céu. Apenas ficou o pobre monge ali, segundo contam ele ainda vagueia pela rua procurando a sua princesa e a sua cabeça que o rei fez questão de levar consigo como troféu. Segundo contam a sua princesa nunca mais deixou que a cidade ficasse as escuras para poder iluminar seu monge amigo.
João ficou desolado quando a sua historia acabou e triste, pois aquela historia o tocou por demais mesmo. No dia seguinte ele a contou aos seus amigos e decidiram sair a noite para ver o fantasma do monge pelas ruas procurando a sua princesa.
Na noite seguinte eles lá saíram a sucata de todos e andaram escondidos pelas ruas já não se via uma viva alma, entre olhares para o céu e para o lugar onde eles foram decepados os rapazes não perdiam o medo e ali ficavam a espera de algo.
Bateu a meia noite, fez-se um frio de rasgar, as folhas na rua voaram alto, o piar da coruja se fez alto e sentido, os morcegos andavam em roda viva, brincando nas arvores e fazendo os vôos rasos nos rapazes.
De repente escutaram pisar nas folhas algo forte arrastava algo pesado, sentiram medo, encolheram-se uns contra os outros, os passos estavam mais perto, aqueles barulhos de ferros sendo arrastados ainda estava mais alto, algo o, fez parar mesmo a sua frente, eles olharam e qual foi o seu espanto, era o monge sem cabeça...
Correram a sete pés, mas ainda viram a chuva de estrelas caírem sobre o corpo do monge, olharam para o céu e viram o rosto de uma linda princesa a sorrir. Só queriam estar em casa e sua cama quentinha e nunca mais iriam querer ver um fantasma na vida.
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