Poemas : 

Premonição

 
O sangue já ferve debaixo da pele fria,
O sentido da provocação despe-se raro
Num fogo assassíno e brilhante...
Já era algo que se previa
Numa igreja que, debaixo de céu claro,
Vislumbrava o carrego a jusante.

A forma firme, corrosiva e inconstante,
Encalhada entre pré-fabricados e monumentos
E barracas e muros de betão,
Jurava atirar uma pancada faíscante
Para o meio dos néscios tormentos
Como que, avisando do perigo de implosão.

Mesmo assim, os surdos insensíveis
Os portentosos incríveis
E os amagados impassíveis,
Que, porque ser labor, não abrem a pestana
E crêem que a parede não abana,
Deixam-se estar em ignorância ufana.

A desgraça vai acontecer um dia após
Engolindo laços, traços e nós
Deixando lagoas de lágrimas sós
A banhar incoerentes desequilibrios,
Alguns tendentes suicídios
E muitos indiferentes com o dever cumprido.

O sangue ainda ferve debaixo da derme fria
Mas o sentido da razão já se veste desiludido.

Valdevinoxis


A boa convivência não é uma questão de tolerância.


 
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Valdevinoxis
 
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Enviado por Tópico
Ghost
Publicado: 08/10/2011 22:08  Atualizado: 08/10/2011 22:08
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Usuário desde: 09/04/2011
Localidade: Lisboa, Portugal
Mensagens: 1820
 Re: Premonição
Olá poeta.
Um poema que descreve não só os sentimentos de quem prevê algo futuro, como os surdos e o cegos que não querem ver, que não querem ouvir a voz de quem sabe, de quem sente... de quem não sabe lidar com tais sentimentos.
Emocionante poema.
Abraços e Felicidades.