Naquela manhã fria e chuvosa sentei confortavelmente em minha poltrona, liguei a TV, procurei um bom filme – quase sempre acerto guiada pelo título –, achei!
Em certo momento, um dos personagens bradou: “Amigo, como diz a maldita frase de Platão: “A guerra só acabou para os mortos!”
Pasmei! Maldita frase, por quê?
O que levou aquele homem a transformar uma frase sábia em maldição?
Não há dúvida de que a boca fala do que o coração está cheio. As nossas ações originam-se do nosso estado de espírito. Para tudo há uma razão. Imprescindível é tentarmos conseguir alcançar, compreender, discernir, o que se passa no íntimo de cada ser – quer na vida e/ou ficção – ; considerarmos a origem de suas reações.
Penso que Platão desejou fortemente despertar os dormentes; chamar à vida, os mortos que ainda não perceberam a apatia espiritual que lhes acomete momentaneamente.
A vida é uma eterna batalha. Como que um soldado ferido, jamais deveremos largar às nossas armas, menos ainda parar. Pois, o soldado que para, por sentir as dores dos ferimentos, fica para trás.. Morre!
Meditando no raciocínio daquele personagem cinematográfico, voltei a indagar: O que o fez transformar a sábia frase de Platão em maldição? Qual a causa?
A complexidade existente nos sentires do ser humano o leva a dar o que tem e a receber, entender com o coração que tem.
Tudo isso, implica em vários fatores: estruturação familiar; formação educacional, social, psicológica, etc.
Lembremos sempre do poder existente nas palavras, tanto quanto na escrita. Existe em ambas uma dualidade. O poder de transmitir vida, ou morte.
Por mais que desejemos dar o nosso melhor haverá sempre quem o queira transformar no pior.
Meditemos em situações iguais a essa que, surgem do quase nada; nas consequências oriundas da interpretação textual – tão peculiar a cada leitor.
Lembremos do escritor alemão Johann Wofgang Von Goethe, 1749-1832, que de forma inconsciente levou ao suicídio, muitos leitores da obra de sua autoria, e, que o conduziu a fama – "o caso Werther," que a igreja católica colocou no Índice dos Livros Proibidos.
(...) "Onde eu me sentia liberto e aliviado, porque havia transformado a realidade em poesia, meus amigos se enganaram, acreditando que se devia transformar a poesia em realidade.
(Johann Wofgang Von Goethe)
Questão de entendimento interpretativo.
EstherRogessi, Crônica, 07/010/11.Crônica, 07/010/11.