Guarda a mim como aquele que não teve
A coragem de tê-la abertamente
Como a última e profícua semente,
Por não ter a consciência leve.
Guarda a mim como o sol que queima quente
Muito além desse momento breve,
Onde tudo é como fosse neve
Que congela o sonho a nossa frente.
Nunca fui promessa de futuro.
No escuro, nunca fui um passo;
Nem fui laço do passarinheiro.
E agora que ergueste um muro
E por juro me negaste o abraço,
Sou pedaço do que foi inteiro.
Frederico Salvo