Ah se eu pudesse!
Arrancar desse mar, o azul negro que tanto me fascina….
Esse cheiro a sal que me intriga e penetra,
Na neblina do céu a uivar!
Ah se eu pudesse!
Arrancar do meu corpo, todo o teu sal,
Que ficou incrustado e que agora não saí,
E suja em mim a alma que ainda agora foi lavada por mar.
Mar que me entrega nas suas ondas de sonhos,
E que me leva na sua onda…
Na concha que roubou do meu coração,
Onde escuta e ouve o sopro, o bater…
Que agora não é mais do que um estilhaçar e um desprender,
Do que outrora foi paixão.
Paixão, ou terá sido amor?
Amor marcado num corpo oculto por sal,
Caiado de tanto mar.
Que insiste em ir, que insiste em voltar e que insiste em me puxar.
Com ondas doces e aromas de maresia calma e dominante,
Arranca-me da praia onde depositei sonhos de amante,
E afunda-me para os confins desse mesmo mar.
Mar que me leva, mar que me quer tomar e retomar…
Tomar e retomar… Ouvindo a concha no fundo do mar…
Marlene Carneiro
O meu blog: http://ghostofpoetry.blogspot.com