Vestida de negro, semi-acordada.
na maqueira, no alpendre.
Da casa de fazenda.
Baloiçando, com seu pezinho no chão.
Uma bela moçoila,
com seu leque na mão.
Tem um olhar, intransponível,
incapaz de sua alma decifrar.
Pensamentos.
Povoam a cabecinha,
dessa menina-mulher.
Coisas da vicissitude da vida.
Languidez, na postura.
O que tua alma procura?
na vida principesca, que leva,
que assombra, tua alma e tortura?
No semblante tristeza, que escondes?
com total frigidez.
São sentimentos contidos,
da tua recente viuvez.
Dolente, tão displicente.
Deste amor ausente,
que tua alma ressente,
fruto de tua prenhez.
Que te apresenta agora,
pela vida afora?
De uma vida que outrora,
seriam três.
Absorta, escutas o piar de passarinhos.
Abre os olhos...ouves piar.
Os papais passarinhos.
Na galho da laranjeira fazendo o ninho.
Sobressaltada, e ligeira.
Deixa a maqueira e então
Revigora tuas forças,
e uma nova força, abrasa teu coração.
Renova teus sentimentos,
há muito contidos.
És mulher! és mãe!
desse infante, és a proteção.
É um milagre gerar a vida..
desse fruto de amor.
Que a morte subjugou,
mas, deixou-te uma razão
Pra que vivas pra esse ser,
que cresce em ti, em profusão.
Desse amor que gerou.
a tua maior missão.
Entrastes agora, em harmonia.
E neste fim de tarde,
que o dia escondia.
Gera em ti uma vida.
Deitas na maqueira.
Teu semblante está diferente,
em teu rosto está evidente,
Uma imensa paz remanescente.
Fadinha de Luz
Maria de Fatima Melo (Fadinha de Luz)