às vezes há…um nó na garganta, um frio no peito…
pedras cuspidas…reflexões que não mudam nada …
peso de culpa não existe, só peso do sentir persistente…
caminhando por aí de olhos vendados…
fazendo as coisas do dia a dia com tristeza ou alegria…
a noite chega o sono não vem…
a visão de ti burila nos dedos e na alma…
tudo num andamento de éter …
e se existes é porque penso em ti…
uma leveza pesada de te ter em mim…
barco com roubo sempre a meter água em dias de sol…
chuva de Inverno e de Verão…
ponho uma venda nos meus olhos, não quero ver…
quero manter meu reduto de pureza…
algo imaculado que emana da minha alma…
que me deste com palavras do além…
não quero ver nem ser vista…
basta esta emoção…esta confiança…
este sorriso por dentro de mim…
não estou no escuro…estou em leveza…em apaziguamento…
guiada pela posse de ti no meu pensamento…
que ocupou um grande espaço…
estou a segurar a simplicidade purificadora…
num afecto que desliza como um rio…
há o carinho, o apelo ao cuidado, os olhos da essência…
estou cega e confio, vou existindo…permanecendo…
guardei -te cá dentro… tu dizes que não…
tu dizes que é ilusão…tu dizes que é nada…
e eu sinto-me golpeada no meu âmago…
Outubro - 2011