E é preciso a liberdade é preciso aceitar
É preciso a diferença o amor a amizade
E o compromisso da comunhão é preciso
E é preciso comunicar falar olhos nos olhos
É preciso despir a panóplia do pensamento obscuro
E é preciso o precipício o escuro
Para se alcançar as asas do saber é preciso
Para se compreender para se colher
A seiva fértil da planta o viço da verdade.
E é preciso ser livre é preciso dizer basta
Sentir na pele os olhos da fome na boca do pobre
E é preciso quebrar derrubar muros ignotos
E é preciso a raiva os dentes e o tiro certeiro
Contra o freio do silêncio no focinho da palavra
É preciso dizer Não à vontade submissa e escrava
De demónios e deuses e semideuses mortos
E é preciso expulsar é preciso rasgar
Do corpo do Homem o Humano Fato que o cobre.
É preciso morrer por sobre o cadáver antigo
É preciso a semente é preciso a flor
A água o pólen na asa do colibri
É preciso a rosa que é prosa nascida da terra
E é preciso ainda que tragas nos lábios
O fruto a criança a árvore dos sábios
É preciso a vida agora de repente aqui
De graça cuspindo longe a vil mordaça
Contra o espelho oblíquo do terror.
Jorge Humberto
In Fotogravuras I