CIÚME
(Jairo Nunes Bezerra
Vou viajar ao sertão, precisamente às 11 horas. Antes, porém, despedindo
do computador, vou tentar escrever algumas coisas sobre fatos recentes,
com a finalidade de apressar o tempo. Lembrei-me de uma fase de ciúme
que um dia afetou um poeta. Tudo aconteceu quando ele leu um trabalho
de sua poetisa. Sua, porque ele já a tinha como exclusividade. Adorava
ler as suas poesias e artigos. Pois bem, o fato é que se deparou com um
artigo, em que a poetisa se abria com outro colega, tecendo os mais
variados elogios em retribuição aos recebidos. Tudo natural! Aconteceu
porém que o referido poeta ao ler aquele texto, sentiu-se abandonado.
pela sua eleita e resolveu dirigi-lhe a composição a seguir:
VÍTIMA DE APLAUSO
Tu amas a todo mundo!
Entregas-te por um elogio...
Ouças... Não sou vagabundo!
Pra dar guarida a teu cio!...
Esqueças da minha existência!
Procures outros jardins...
Virastes rosa sem essência...
Menina de outros confins!
Agora, vou partir pra outros ares!
Ser amado em Buenos Aires,
Sob ritmo de tango contagiante!
E nesses momentos eletrizados,
Por emoções contagiado...
Serei o mais feliz dos andantes!
Porém a infantilidade passou... Se o poeta enviou
a presente poesia, não sei?... Mas que haviam
Lágrimas em seus olhos ao compô-la, disso não
tenho a menor dúvida!
Poderia passar horas aqui em frente do monitor,
mas minha filha Norma já faz acenos querendo
dizer que o café já está sobre a mesa. Até breve!