Era a noite mais negra que eu conhecia
Em assomos de fúria que me revoltava
Aquela noite negra, gélida que me envolvia
manto do negro mais negro que me gelava
negra é a noite de que as estrelas fogem
fétido o cheiro mesclado da morte
tão negra de que nem as crianças correm
costas para a madrugada que se anuncia a norte
já ninguém acredita nos seus raios de alvura
a noite cobriu a esperança, anuncia o fim
não da noite, dos dias prenhes de ternura.
As crianças já não riem, nem a ti, nem a mim
Ocupadas com as caixas de graxa às costas
Os meninos da fogueira entoam agora outro hino,
Um fado que sei te esqueceu, que já não gostas.
Noite negra e lavada pelas lágrimas do menino.