Olho a estrada que se afunila, lá longe
Onde se perde a ponta do meu sonho,
Vejo em meu redor, cores desbotadas
Pelo tempo da tua ausência,
O meu peito palpita-me, desatinado.
Busco a claridade, que ilumine
A tela onde te pintei deslumbrante,
Num tempo de encantamento;
Inventei cores para te embelezar,
Pincelei os teus cabelos,
Com o brilho do sol resplandecente,
Dei o vermelho ocre, cor de sangue
Aos teus belos e sensuais lábios,
Desenhei caprichosamente a tua boca
Com belas aguarelas;
As dunas do teu corpo colori-as
Com o dourado, das areias daquela praia;
As tuas curvas delicadas,
Desenhei-as suavemente na minha ansia
Com a carícia das minhas mãos de pintor;
E com as delicadas cerdas do meu pincel
Retirei da paleta a cor mais fascinante
Para embelezar, ainda mais, as tuas pernas.
Fiz uma delirante obra-prima;
Foste a musa da minha inspiração sonhada!
José Carlos Moutinho