Meu Amor foste-te embora
no tempo das manhãs frias
o Templo ficou mais triste
sabe Deus por onde irias!
Monsaraz não te quis lá
tão cruel, nunca sorrias
eras mais só do que a sombra
em que sonhos te perdias?
Na falcoaria mandava
seu falcão lhe obedecia
voava por serras e vales
do nascer ao fim do dia!
Senhor d. Martins Silvestre
alcaide de Monsaraz
defendias a fronteira
com audácia pertinaz
Mandaste erguer teu túmulo
para teu corpo guardar
quando voltasses da guerra
que estalára além-mar
Teu cavalo montaste
capa branca a esvoaçar
vales, barrancos passaste
sem ninguém o suspeitar
Tua sombra te seguia
parava na fonte pura
tua sede mitigava
suscitada p'la secura
Ias percorrendo a estrada
que te levava ao mar
uma nau já se aprestava
para nela embarcar
Só a ti te possuias
senhor de terras tão vastas
o destino te impelia
teu crer dava-te asas
Um dia ao Sol nascente
fez-se ao mar a grande nau
d. Silvestre toma o leme
com pericia sem igual
Por entre azul e distância
navegava a caravela
d. Silvestre a governava
senhor das águas e da terra
Mas a um cair da tarde
a nau prestes a aportar
uma seta vem da margem
sua Alma libertar
Voltou morto o cavaleiro
que partiu por manhã fria
meu coração ficou só
nunca mais teve alegria!
Na Senhora da Alagoa
no tumulo por si erguido
jaz p'ra sempre d. Silvestre
em seu sono adormecido!
MARGARIDA MORGADO
(Poetiza Eborense)
Surge a balada de Monsaraz de uma mistica noite em que eu contava à grande Margarida Morgado a experiência de regressão que tinha acabado de vivenciar com Maria Flávia de Monsaraz.
Explicava-lhe a beleza do que significava para mim descobrir que no passado tinha sido d. Martins Silvestre, o Templário, alcaide de Monsaraz, sepultado na igreja matriz da vila num duro e frio tumulo de pedra. Estava fascinado por saber que noutras Eras tinha enraizado na bela vila de Monsaraz onde aliás fui nascer e viver nos primeiros tempos desta minha nova vida. Tudo fazia sentido! Percebia finalmente o que me unia àquela terra. E eis que Margarida Morgado pegou numa caneta e num papel e poetizou em catorze quadras a minha história. Nasce assim a mistica e Esotérica Balada de Monsaraz que publiquei em dois dos meus livros:
- Uma Novena à Padroeira nas Varzeas de Monsaraz.
E
- Resgate das Memórias de Um Templário.
Hoje sei que a Reencarnação é uma Verdade Cósmica para o percurso Evolutivo da Humanidade. O Elo perdido do Cristianismo, como alguém já lhe chamou!
"Obrigado à Vida que me tem dado tanto!"
RICARDO LOURO
Ricardo Maria Louro