Nestas palavras,
Simples rascunho duma qualquer verdade utópica,
Sinto o meu sangue correr,
Como um rio em direcção ao mar...
É o sangue todo que perdi
E todo aquele que irei perder...
Enquanto espero,
Na sombra da solidão,
Onde nada tenho a ganhar e onde nada tenho a perder,
Apenas abraço docemente
Uma dolorosa vontade de viver...
Sei que nunca o disse mas que já o gritei,
Sei que sempre o fiz mas que nunca o disse,
Que sedutora e doce melancolia,
O desejo de jogar só para poder perder...
Deitei fora a minha alma,
Deitei fora a inspiração,
Só para me entregar a ti
Como um cioso e moribundo cão...
E entreguei-me a ti,
Quando a noite já era velha,
Mais velha do que a eternidade,
Num vale de lágrimas e sangue,
Onde encontrei a resposta
Para a tua pergunta…
Aquela pergunta
Que nunca chegaste a fazer...
E quando a noite já era inválida,
Mas como sempre persistente,
A tua imagem tão pálida,
Aparecia e desaparecia de repente...
Como o sol de Inverno,
Nos Invernos de toda a gente...