Gotas Douradas
Deitada preguiçosamente,
estendida nas pedras da cachoeira.
Via com os olhos semicerrados,
pequenas gotículas de água de cor dourada.
Eram reflexos da luz na água, quando caia
sobre as pedras e descia formando o lago.
Salpicavam o meu corpo semi-nú.
Formavam um arco-íris, que se eu estendesse
as mãos , poderia tocá-lo.
Sentia-me parte integrante,
desse ambiente inusitado.
Desse mundo selvagem integrado.
O canto das aves, o assovio ritmado.
o barulho das águas, ao cair no pequeno lago.
Formado pela queda-água,
entre raízes das árvores.
Entardecia, e os raios solares,
criavam feixes de luz, formando
algumas aparições, espectro fantasmagórico
quando o vento
suave batia nos galhos.
Não sentia medo, absorta, desfrutava
de toda essa magia.
Assim fazia parte da floresta,
era apenas um ser vivente,
daquela mata, da cachoeira,
eu simplesmente,
uma aborígene.
Naquele ambiente,
resguardado, qual quadro pintado.
por um artista displicentemente,
gravado, imaginado em sua mente.
Uma linda mulher primitiva,
integrada em sua terra nativa.
Uma aborígene salpicada por
gotas douradas, num entardecer.
Inimagináveis, por outros iguais.