Poemas : 

[Ô Vida!]

 
[Na noite paulistana, um trêfego animal à solta]

O alívio nunca é permanente,
insone, cavalgo a crista da noite...
Um olhar oblíquo, um cheiro, suaves cabelos, música —
sei lá quantos acicates me atiçam,

esporeiam o meu sôfrego desejo de...
O corpo quer, e, insidiosa, a secura volta!
Por que diabos não paro quieto,
simplesmente quieto, como tanta gente por aí,

gente comum, que come-caga-trabalha-e-dorme?
Ô vida! Por que essa danura toda, essa busca?
Paixão, se a gente não tem para sobrar,
a gente vai, escava, escarafuncha a noite, o dia,

até achar... só para recomeçar a sofrer!
Vai ver estou precisando mesmo é de compaixão:
ô vida, piedade das minhas carnes sequiosas,
piedade, ô vida infrene e louca!

[Penas do Desterro, 29 de outubro de 1997]

 
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crstopa
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Enviado por Tópico
Migueljaco
Publicado: 30/09/2011 14:47  Atualizado: 30/09/2011 14:47
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Usuário desde: 23/06/2011
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Mensagens: 10200
 Re: [Ô Vida!]
Boa tarde caro poeta, seu personagem narra as suas agruras já com um ar de enfadado com tantos desencontros, parabens pelo seu instigante poema, MJ.

Enviado por Tópico
MomentosDeAmor
Publicado: 03/10/2011 20:42  Atualizado: 03/10/2011 20:42
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Localidade: Mato Grosso Do Sul
Mensagens: 39
 Re: [Ô Vida!]
Caro poeta, o por que desta tua danada inquietação só tem uma resposta, você esta vivo! e, se o seu corpo reclama com lamurias e desejos carnais, ele esta nitidamente se encaixando nas loucuras da paixão! que delicia! rsss...abç