Empurrada por uma fina camada de vento
Lentamente caio como uma folha e assento pela água adentro
E corro todas as margens sem ao fundo me deixar ir
Talvez pare numa margem, talvez me levem sem eu partir
E mesmo que eu parta, em teus trilhos e em tua mata
Me sinto a mim mesmo no tempo parado
Num qualquer curso de água que brota dum lago já por si estagnado
Fostes minha árvore e minha vida
De teu leito agora desprendido
E abaixo de ti corre agora a minha partida
Sem um possível sentido
E corro eu, sem rumo nem nexo
Com uma fraca partida mas já com velocidade em excesso
E lentamente olho para trás
Onde vejo teus ramos abandonarem numa curta despedida fugaz
E mesmo que isto a ti se repita todas as estações
Denoto em ti e em tua despedida um mar pleno de emoções
Amenizadas pelo facto de te encontrares a despedir
De algo que todos os anos verás sempre de ti a partir…