Meus olhos estupefatos relatam um capitulo triste
Ao entrar em pensamentos no asilo de alienados
Ouço as gargalhadas soarem das intransponíveis muralhas
Marcham descalças os pés de desatadas alparcas
Estão encerradas as consciências em prisões depravadas
A colônia de vozes soterradas e subordinadas ao nada;
O campo de concentração das almas penadas...
Crianças e velhos perdidos em um submundo subalterno
Quem poderá sentir o sal das lágrimas lavadas?
Os homens de branco seriam anjos ou demônios?
Que fazem estes nas portas deste manicômio?
Um pavilhão diagnosticado de complexos predicados
A colônia ainda suporta o peso de esquecidos pecados
Porém seus gritos ainda fendem os grilhões dos ouvidos;
As metodologias da medicina já viraram cinzas
Distúrbios de quase um século jamais encontraram a cura;
Eu pedi a Deus que pudesse suportar o fardo
Então meus olhos me atiraram nas ruas de Varsóvia
Haveriam de ter mais de quatorze mil Hitlers soterrados na memória...
Morreram inocentes como as ovelhas do inesquecível gueto;
Por através das chamas ainda ouço um sorrir
Dentro de um quarto psiquiátrico da colônia do Juqueri.
Marcelo Henrique Zacarelli
“Em memória das almas do Hospital Psiquiátrico do Juqueri”
Pelo autor Marcelo Henrique Zacarelli
Village, Agosto de 2011 no dia 14.