Canto, canto, os desafortunados,
Os pobres de espírito, os fúteis,
Os medrosos, os covardes,
Os mentirosos, os preguiçosos,
Os melados, os maricas,
Os poetas, fugitivos,
Os parolos, os cativos,
Os doentes, os falhados;
Enquanto os que assim canto,
Existem e são vivos,
O mundo segue o seu castigo
Revestido de cores bonitas;
Enquanto os milhares se banham
Numa orgia de conceitos
Desfaço-me em frases feitas
E melodias decalcadas,
Mas por vezes a terra treme...