Faço morada em ti desde algum tempo
No balbuciar das palavras mornas e ciganas
Nos seios da noite enluarada , de bons ventos,
Nas redondezas das estrelas, nossa cabana.
Despertei-me quando vi o fulgor dos teus olhos
Os azuis tons veludosos que tragaram qual ressaca
De um mar perigoso rico em tecidos mui valiosos
Onde meu coração passarinheiro fez, enfim, pousada.
Descobri todo um universo quando bebi dos teus lábios
Lácteos, veludosos, maliciosos, daltônicos e monocromáticos,
Ricos em bromélias, Amazonas ou Nilos de poderosos vocábulos.
Encontrei-me no teu decantar , na tua argentina filosofia.
Deixei me fluir no rio que deságua somente na tua escrita.
Por isso hoje posso te chamar de amor.
Mas eu prefiro te chamar... Minha Poetisa.
No torvelinho sacrossanto da tua e da minha escrita
Nos beijos não dados e dos abraços não recebidos
Sobraram apenas as minhas maus traçadas linhas,
Sedas que tatuaste nesse meu peito... Amigo!
Gyl Ferrys