Uma carta de amor
Jogada na lareira;
Relações a consumirem-se
Em seu túmulo carbônico;
Inseticídios em jardins comuns
A cumprirem a lei da natureza
Aos olhos indiferentes
De qualquer um;
O passar do calendário
Soterrando quaisquer
Esperanças nutridas
Ao longo dos... Tempos...;
Sanidades findas
E enclausuradas
Em paredes
E tarjas pretas;
Projetos de vida
Estrangulados
Pela ausência
Dos meios de realização;
Toda uma educação
Corroída pelo atrativo
Glamour de vícios
Suportados socialmente;
Todos os esforços
Para bem viver,
Para viver dignamente
E, no entanto, morres;
Todas essas evidências
E ainda acreditas
Na utopia oca
Da eternidade?
(Danclads Lins de Andrade).