Ser poeta,
É primeiro ser “homem”.
Ser poeta,
É ser-se menino,
E sorrir baixinho,
Enquanto
Os anjos dormem.
Poetas há-os aos centos:
Uns que são lamentos,
Outros a alegria,
E ainda
Outros tantos,
Que não versam de dia.
E há os repentistas,
E os populares,
Decadentistas
E renascentistas,
Houve-os aos milhares.
Ser poeta,
É criar um corpo,
Onde antes era nada.
E desse nada,
Outrora morto,
E chama apagada,
Recriar um porto,
E uma caravela fundeada.
Ser poeta,
É ter asas e voar,
Morrer a cada instante,
E de novo renascido,
Trazer no fresco do olhar,
Lá de um mundo,
A nós distante,
Algo antes nunca vivido.
Depois
Que for finda a viagem,
E a sua meta
Atravessada,
Ao poeta cabe revelar,
Que a porta por ele aberta,
Aos seus leitores
Deve uma parcela,
De tão sublime viagem.
Jorge Humberto
In Mosaico