Aqui estou eu, com uma folha de papel vazio,
a escrever versos, que são a minha bandeira,
que bem alta ergo, no vento, que se faz frio,
pedaços mil, que deito à terra, na sementeira.
Pela palavra, com minhas mãos, trouxe a raiz,
que o chão lavrando, indómito, a aprofundei,
no cuidado a ter com os jardins, como em giz
desenhando, as suas formas, que eu delineei.
Pequeninos, os botos, precisam de muito carinho,
e de água fresca, com que os vou salpicando,
na medida certa, que me ensinou o velho caminho,
e com o qual, com o tempo, eu fui memorizando.
O sol, fonte de vida e de graças, as flores abrange,
que os botos já cresceram, assim como as plantas,
que eu jardinei com amor, numa música que tange,
e traz a alegria aos terrenos, de orquídeas tantas.
Nos multifacetados jardins, violetas e jasmins
plantei, e até algumas árvores, de todo formosas,
que me darão os frutos, quando soarem os clarins,
da estação, que inicia a poda, das frutas airosas.
Dias e noites sem dormir, de preocupação eu passei,
levantando-me com a aurora, fundida com o horizonte,
e meu jardim, que pelo bem-querer, sempre amei,
de suor e lágrimas o ergui, juntando-lhe uma fonte.
Hoje sou feliz, por toda a riqueza, que enfim criei,
meu jardim, com seus pomares, em toda a sua beleza,
que do imenso trabalho diário, nunca me queixei,
na mais rica doação de um homem, e sua certeza.
Jorge Humberto
24/09/11