sou uma ilha…em nenhures…
nem aqui, nem acolá, acossada por um terrível e oblíquo raio que me leva para trás…
não é um factor que me marca, são vários, todos entre si engatilhados como uma correia de elos de metal…
e como esse metal é frio e viscoso…
sonhar…sonhar…fugir do peso insustentável do ser e do estar desconfortável, sempre com uma sensação de arrepio do inalterável…
e ter no espírito jardins de delícias…
os admiráveis coloridos vegetais onde caminhamos de pés nus…
a profusão de perfumes de jasmins, miosótis, violetas e lírios que entontecem…
a dança saltitante das borboletas…
a música pipilante dos pássaros…
as imagens sensuais que de ti se reflectem na água…
os olhos encandeados pela luz que desce e nos enche…
e deixando cair nossos corpos na erva, dizer-te olhos nos olhos…
«grava-me com um selo no teu coração, como um selo no teu braço, porque forte como a morte é o amor, implacável como o destino é a paixão, porque seus ardores são chamas de fogo, labaredas divinas»…(cântico dos cânticos)
e em ti encontrar o ser supremo…
todo o bem que se quer…
a torrente de água…
que vai dar vida ao manto diáfano que cheira a húmus…
e nos revitaliza...transforma…transcende…
set-2011