Quero ficar contigo
Numa noite em que
Os grilos não ciciam
Em que os cães não ladram
As folhas não rumorejam
A coruja não emite seu canto agourento
Ao teu lado
Esparramado sobre a cama macia
Sobre os lençóis alvos
A sentir perfume do teu rosto
O calor de tuas ilhargas
Um blues tocando baixinho
Abafado pelo ofego de tuas palavras
Sussurrando ao meu ouvido
Um apelo
Para depositar-me em teu ventre
Nem o barulho do tráfego
Nem o vento, nem a neve
Nem o mar
Nada, nada faz ruídos
Só o teu ofego
Tuas coxas abraçando o meu tronco
Nossos corpos contraídos
Esta noite não terá fim.