Quero tanto te dizer
Que te amo
Que te odeio
O telegrama não chegou
O carteiro não veio
O telex aposentou
Não foi enviado o emeil
A garrafa o mar não levou
Tentei o pombo-correio
Quis cantar em tua janela
Mas me bateu um receio
Colei cartazes no poste
Esguelei no megafone
Apelei para a sorte
Citei teu RG, gritei teu nome
Fui ao Itamarati
Fiz até greve de fome
Subi o monte Parnaso
Compus versos concretistas
Pus uma letra pós-moderna
Na boca de um artista
A tv não me aceitou
Nem o jornal ou a revista
Vou estourar minha voz
Até saber que eu exista
Penso em fazer um ebó
Ou rezar uma novena
Quero falar de outra forma
Mas não sei se vale a pena
Espero que na web
Possa ler o meu poema.