Olhos de poeta, vão sempre além,
até onde os outros não alcançam,
pois que lhes falta a sensibilidade,
para reparar nas coisas, como coisas
em si. E por mais subtis e singelas,
que as coisas sejam, mais bela é a
riqueza do poeta, que descansa seus
olhos, na leveza do ser, ser-se poeta.
Uma pedra no chão, aos olhos do
poeta, é como seixos ziguezagueando,
através de um rio, que ele imaginou,
por ver, da pedra, a sua génese.
E nesses olhos, que tudo absorvem,
o céu vai no azul dos azuis, e o verde
dos campos, é inda mais verde, com
cavalos brotando-lhe do peito.
Olhos de poeta, nos jardins floridos,
sentem bem, as doces fragrâncias,
que emanam das filigranas das
flores, que brotam do chão até às mãos.
Olhos de poeta, são do amor, sua
origem, que ele escreve com subtileza,
mãos dadas com os enamorados,
que da natureza, busca a elevação.
Mas, olhos de poeta, vêem como
quem não está vendo, por tudo isso,
em cada coisa uma raiz e um
renascer, que ele próprio, toma para si.
Jorge Humberto
19/09/11