[Escritos à mesa do Bar da Estação]
A Estação... a Estação...
Enquanto nela houver movimento,
eu estarei vivo.
Enquanto houver trens manobrando,
eu pensarei em saídas.
[Eu me sinto leve, bem leve,
vai ver, eu já estou morto...].
Enquanto o cargueiro noturno
passar sibilando nos trilhos,
eu [provisoriamente] estarei vivo.
Enquanto eu pensar
que esse trem vai para Minas,
eu [certamente] estarei vivo.
Há uma teia de aranha
armada no portão da gare —
é uma indicação do tempo
desde que a última pessoa passou.
Agora, desconfio, receoso,
que a morte vai chegar
e vai me arrebatar daqui,
desta mesa do bar!
Agora, neste instante,
vai passar de novo o trem,
e não vai pra Minas não,
asseguram-me que não vai!
Acabaram-se minhas esperanças —
o trem passou!