Coisas sujas,
Putrefactas, contudo,
Expostas, bem à vista
Sacos de entulho, restos de obras
Que se amontoam por todo o lado.
Que raiva.
Envergonhados, alguns…
Não vale a pena...
A cegueira é subjectiva.
Chamam-lhe coisas
MUITOS ISMOS e religião…
Mas a verdade é que ninguém quer ver
nem saber.
Há DISTINTOS rótulos,
Tantos quantas são as falsidades
Apregoadas aos ventos
Temperadas com laivos de arrogância,
alguma estupidez e bastante ignorância,
que à força de repetidas
lá se tornam em verdades,
Eis a massa de que são feitas as nossas casas
Os nossos lares…
Decepções. Humilhações.
Violências diversas…
Frustrações.
Televisões. Interligações.
Vivem connosco no dia-a-dia,
Placidamente,
num fatalismo já manhoso.
Há novas doenças a nascer
e velhos doentes a morrer.
Cada vez mais rapidamente.
O mundo é dos vírus.
São eles a raça dominante
secundada pelos parasitas.
Imprestável bicho homem
que já nasce a perder.
Nem nunca irá sair dessa condição.
O tempo nem é nosso para o perdermos...
E tu… Aí nesse lado,
Vermes negros, esguios, roem-te o cérebro…
Alimentam-se de ti até seres,
apenas,
A concha vazia de um labirinto de túneis ocos.
Porque o nada não existe,
És o teu próprio fantasma
Num mundo povoado por sombras
Iguais a ti. Vais ver.
Não tens ninguém.
Incipit...