Neste longo leito, húmido, macio e bronzeado, onde se espraiam mansas águas espumadas, deito-me como um lagarto, expondo a nudez do meu corpo aos raios solares, dessa bola de fogo, que me afaga de calor.
Neste meu ponto de observação estou entalado entre dois espaços reservados a clientes dos colossais hotéis que se encontram à minha retaguarda. Esses espaços distinguem-se pelos seus chapéus de palha, fazendo lembrar as praias paradisíacas da América do Sul, onde se abriga, a terceira idade forasteira.
Estou a observar, através deste longo tapete de areias finas da praia de Vilamoura, uma “passerelle” de belas esculturas, altivas, troncos ondulados de carne humana que em passo cadenciado, movem-se pela força da articulação dos seus músculos, ancas, joelhos, num bem coordenado movimento de braços, de uma elegância hípica, levando consigo o pensamento que eu gostaria de estar adivinhar…Também há as menos elegantes, as mais gordas, barrigudas, de ancas largas, que em estado de semi-nuas, arrastam-se como crocodilos pelo extenso tapete dourado da areia, no intuito de também serem apreciadas, essencialmente, pela sua formosura apetitosa que não deixa ser graciosa e amorosa.
Este mar tranquilo que observo é um longo espelho verde e azul. Espraia-se ruidoso, como para me abraçar, beijar, com uma espantosa ternura, cobrindo a areia de moreno luzidio, refrescando-a, por onde os deambulastes lavam seus pés e desenham suas pegadas. Defronte estou a observar o azul do mar, onde deslizam os barcos à vela e alguns iates, no sossegado quebrar do horizonte, onde nasce e desfalece o acolhedor pôr-do-sol que afaga o além.
07/Set/2011 Manuel Lucas
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07/Set/2011 Manuel Lucas