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COISAS INEXPLICÁVEIS - II

 
COISAS INEXPLICÁVEIS II
Baseado em fatos reais


Foi no ano de 1902 que a família do médico alemão Dr. Gerhard Herkepert, veio para o Brasil se juntando as outras famílias colonizadoras da já então nomeada, Cidade de Bom Jardim no Estado do Rio de Janeiro. Dr. Gerhard trouxe consigo, sua esposa a Senhora Elfy e sua filha Kate, de cinco anos de idade.

Nessa época a cidade estava em plena expansão e no local, a colônia alemã escoava quase toda produção de café produzida na região. Dr. Gerhard logo que chegou comprou de uma Senhora viúva, a sede da fazenda que havia sido repartida em sítios e vendida pela viúva do fazendeiro, logo após sua morte.

Dona Elfy, esposa do Dr. Gerhard, embora tenha achado a casa enorme, incentivou o marido na compra, uma vez que, a casa além de moradia, serviria também como consultório-clínica onde seu marido, trabalharia como médico.

A família Herkepert se adaptou rapidamente ao novo País e seus conterrâneos foram sem dúvida, uma ferramenta importante para a sua prosperidade. O consultório do Dr. Gerhard vivia lotado, as pessoas muitas vezes, vinham de longe. Algumas chegavam de trem que passava pelos lugarejos vizinhos.

O Dr.Gerhard profissional competente fazia de tudo um pouco, tratava das mordeduras de cobras geralmente acontecidas nos cafezais, das verminoses das crianças e de outras doenças sazonais. Dos afazeres domésticos e da educação da filha se incumbia Dona Elfy. A menina já estava com quase quinze anos e por isso Dona Elfy, havia conversado com o marido, por conta da necessidade da filha ir completar os estudos na capital.

Em 1917 é matriculada no colégio Santo Inácio na Cidade do Rio de Janeiro a filha de Dona Elfy. Kate havia ficado deslumbrada com as vestimentas e os moços da capital e seus cabelos loiros chamaram a atenção dos rapazes do colégio, fazendo dela, uma colega admirada por quase todos.

Lá, em Bom Jardim o Dr. Gerhard trabalhava como nunca e mesmo encerrando suas atividades de médico as 18:00h, não era incomum um e outro atendimento noturno. No ano seguinte em visita à filha Dr. Gerhard, retorna para Bom Jardim, levando consigo a preocupação por conta do surto de uma gripe muito forte, que já havia feito na capital, inúmeras mortes.

A gripe contaminava a passos largos, grande parte dos cariocas. Diziam as autoridades de saúde que fora introduzida na cidade por conta do atracar de um navio espanhol daí, ser a doença batizada de “ Gripe Espanhola.” Dona Elfy percebe no marido o mal estar em deixar na capital a filha e, combina com ele que retornariam com a filha para Bom Jardim até que aquela nova doença se acalmasse.

Com a filha já em casa, Dr. Gerhard pode dar maior atenção aos seus pacientes e não demorou mais que um mês, para que ele se deparasse pela primeira vez, com a tal enfermidade cujos sintomas, já haviam conhecido na capital.

A Gripe espanhola, chagava à Bom Jardim. Com o aumento dos doentes, kate e sua mãe começam a ajudar nos atendimentos do Dr. Gerhard, mesmo assim, não era difícil ficarem até mais tarde na parte da casa destinada aos atendimentos.

Era uma segunda-feira quente de fevereiro do ano de 1918, a família Herkepert havia trabalhado até quase às 20:00h daquele dia e mal ao fechar das portas do consultório bate na mesma, uma senhora camponesa pedindo socorro.

Demorou para que alguém da família do médico ouvisse aquele chamado, pois, as batidas pareciam ser proferidas por alguém que estivesse muito cansada ou muito doente. Mesmo assim em um dado momento Kate, avisa para o seu pai que há alguém na porta da frente da casa. Ao abrir a porta Dr. Gerhard, percebe uma senhora franzina de roupas suadas, olhos arregalados, pedindo que o médico a acompanhasse até a sua casa, pois, seu filho de oito anos de idade, fazia dois dias que ardia em febre sem conseguir levantar-se da cama e que nem sabia se ainda o encontraria vivo.

O médico vendo o desespero da senhora e a gravidade do caso, pega sua maleta de medicamentos e seguem para onde estava o menino. Andaram saindo da cidade para mais de dois quilômetros, quando então a senhora lhe mostra a casa onde seu filho estava.

Dr. Gerhard alarga os passos deixando a pobre senhora para trás. Segue em direção ao casebre, abre a porta com sua respiração ainda ofegante pelo esforço do seu caminhar rápido. Observa num canto da parede, o menino agonizando. Ao examiná-lo o médico constata sinais da “Gripe Espanhola” associada a uma possível infecção bacteriana secundária nos pulmões (Pneumonia).

Imediatamente Dr. Gerhard, aplica no menino medicamentos de modo estabilizar a temperatura, coloca sobre sua cabeça, compressas umedecidas na tentativa de roubar algum calor daquele corpo que se encontrava ardendo de tão quente.

A medicação injetável logo fizera efeito e o menino fora diminuindo os tremores pelo corpo. Ainda em delírio térmico, o paciente abre um dos olhos, pede que o médico se aproxime e conversa em seus ouvidos:

_ O Senhor que é o doutor não é?
_ Sim, eu sou o médico.
_ Doutor vai ao quarto, minha mãe adoeceu primeiro que eu.

Dr. Gerhard corre no cômodo ao lado e depara-se com a senhora que havia lhe pedido socorro. Ela estava deitada, estirada sobre a cama de modo que nem precisou algum exame para certificar-se que aquela senhora, se encontrava morta em estado adiantado de putrefação.


 
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PCoelho
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