Lá vão elas tão barulhentas
Com um saquinho na mão
Correm pelas ruas fora
Numa alegre confusão
Apressadas tentam saber
Qual o barco que chegou
O peixe já as espera
E a sirene já tocou
Ali não há idades
Só rostos marcados pela vida
Vão dos oito aos oitenta
Até á hora da despedida
Deixam os filhos em casa
Á sorte do dia que passa
Ao cuidado dos mais velhos
Que evitam suposta desgraça
Estas mulheres são heroínas
Trabalham horas a fio
Sem quaisquer regalias
Aceitam o desafio
Gritam os miúdos na rua:
-Cheira a peixe que tresanda
Ao que respondem irritadas
Mandando-os para outra banda
Começam o dia com furor
Tratando o peixe que as espera
Com alegria e muito amor
Defendem a Industria da sua terra
Mas o esforço não foi bastante
E a industria alguém lhes tirou
O peixe já não as espera
Como um dia as esperou
Já não correm pelas ruas fora
Vivem hoje de grande saudade
Estas mulheres que foram um dia
Alicerces da minha Cidade.
Paula Martins
04 de Abril de 2007