Coisas sujas, putrefactas,
Contudo, expostas, à vista de todos
Como sacos de entulho que restaram das obras
Amontoam-se e reproduzem-se por todo o lado.
Deveriam estar escondidos, envergonhados alguns,
Não estão.
A cegueira é colectiva.
Chamam-lhe aceitação, resignação, religião…
Falsidades,
Temperadas com laivos de arrogâncias intolerantes,
Que à força de repetidas lá se tornam em verdades,
São a argamassa de que são feitas as nossas casas
Os nossos lares…
Enganos. Decepções. Humilhações.
Arrogâncias diversas…Frustrações.
Vivem connosco no dia-a-dia,
Placidamente, num fatalismo rancoroso.
Vermes negros, esguios, roem-te o cérebro…
Alimentam-se de ti até seres apenas
A capa exterior de um labirinto de túneis ocos.
Porque o nada não existe,
és o teu próprio fantasma
Num mundo povoado por sombras
iguais a ti.
Incipit...