Andando levemente amargurada,
percorrendo o meu caminho
a beira da estrada,
veio uma poesia sorrateira
que me acompanhou
nesta mesma caminhada.
Perguntando-me porque eram curtos os dias,
e a noite tão só e perturbada,
eu respondendo meia acanhada,
disse:-O doce poesia que me acompanhas
vivemos num eterno agora cuidadosamente repartido
cuidadosamente divido
numa pequena temporada.
Não sei porque a noite é escura,
ou porque é tão solitáriamente estrelada,
porque nos faz fechar os olhos
e dormir como uma criança embalada.
Não sei porque é que os dias são pequenos,
mas a verdade oh doce poesia !
Não importa a sua duração,
Há dias serenos,
bons, amenos,
divididos em porções de momentos,
amargurados, bem passados,
ou até onde somos amados.
Os dias e as noites,
não são só amargurados
também, habitam neles...
dos mais doces fados.
Gatopreto